14.7.02

Grupo encontra crânio de hominídeo mais antigo






Um hominídeo que viveu na região do Chade, na África Central, entre seis e sete milhões de anos atrás, é o mais novo patriarca da família de primatas que deu origem ao homem.

Uma equipe de pesquisadores de dez países encontrou um crânio, um fragmento de mandíbula e três dentes da nova espécie, que recebeu o nome científico de Sahelanthropus tchadensis , que significa Homem do Sahel chadiano. Além disso, seguindo uma tradição de dar nomes comuns aos seus achados, os pesquisadores batizaram o crânio de Toumaï, palavra de um dialeto da região que significa "esperança de vida" e que identifica as crianças nascidas pouco antes da época de seca. O estudo que descreve o fóssil sai na edição desta quinta-feira da revista científica "Nature".

A descoberta de Toumaï está causando euforia entre os cientistas. É que há pouquíssimos outros elementos remanescentes da época em que ele viveu. Os cientistas já sabem que há dez milhões de anos atrás o mundo estava cheio de macacos, e que há cinco milhões já se encontravam alguns de nossos antepassados. Entre essas duas eras, a linhagem humana separou-se da linhagem dos chimpanzés e ganhou vida própria. Mas até hoje, explicar quando e de que forma isso aconteceu permanece um dos maiores problemas não resolvidos da paleoantropologia, ciência que se vale dos fosséis para estudar o aparecimento da raça humana.

O novo crânio mostra que a separação entre chimpanzés e humanos ocorreu muito antes do que especulavam os cientistas. Toumaï tem características humanas, como dentes menores – especialmente os caninos – e um rosto mais curto. Mas sua caixa craniana é similar às dos símios. Para alguns cientistas, estas características podem ser uma importante argumento conta a idéia de evolução linear – ou seja, de que existiu um descendente comum a chimpanzés e homens, que deu origem a nossa espécie. Os defensores desta visão acham que características humanas devem ter aparecido, em momentos e lugares diferentes, em diferentes grupos de hominídeos.

Um estudo complementar, também publicado nessa edição da "Nature", procurou determinar quais espécimes de animais pré-históricos conviveram com Toumaï. As escavaçõs mostraram que ele dividia as então úmidas terras da África Central com elefantes, antílopes, hipopótamos e antepassados do cavalo. No total, mais de 700 restos foram localizados perto do local onde foi desenterrado o crânio do hominídeo. Atualmente, o interior do Chade é em grande parte uma região desértica.

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