O Festival Path é um evento único.
A cidade de São
Paulo é presenteada a cada ano, desde 2013, com o Festival Path, um
evento que reúne tecnologia, arte e negócios em torno de temas que
envolvem bem-estar, sociedade e inovação.
Acontece em um fim
de semana e conta com uma programação intensa distribuida em
palcos, galerias, praças, museus, casas de show, teatros, centros
culturais, ginásios, hooftops e outros locais.
Este ano foram mais
de 400 horas de atividades em cerca de 30 espaços diferentes. Mais
de 5 mil ingressos e 30 mil pessoas assistiram a dúzias de (mais de
25 ) shows, diversos (15) documentários, centenas de ( mais de 300)
palestras e experimentaram Yoga, feiras gastronômicas, feiras
makers, de games e de startups, além de estimularem seus sentidos em
stands imersivos, lúdicos e interativos como o da Bombay Sapphire (https://www.bombaysapphire.com/), da Natura
(http://www.natura.com.br), da WeWork (https://www.wework.com/pt-BR/
- www.facebook.com/WeWorkBrasil/), da Printi
(https://www.printi.com.br), da Laje
(https://www.laje-ac.com.br/site/index.php) de Ana Couto
(http://www.anacouto.com.br),
da Universa UOL (https://universa.uol.com.br) e outros.
Como é de esperar
em eventos deste porte, havia fila pra tudo. O público, no entanto,
é tão bom que nenhuma forma pegar fila se tornou algo maçante.
Aliás, foi onde mais socializei trocando informações sobre a
programação, fazendo novas amizades e debatendo a relevância dos
diversos conteúdos. O público do Path é um evento à parte. Só
vendo pra crer.
A organização do
Path trouxe uma solução criativa e bem democrática para beneficiar
o público. Todos os pagantes receberam alguns 'Fast Pass' (2 para
cada dia) que permitiam que seus portadores ocupassem lugares
reservados sem a necessidade de pegar fila. Assim cada um podia
garantir a participação na sua palestra favorita sem problema.
50 profissionais que
tiveram a missão de colaborar na criação do Trends Report Path. O
objetivo foi mapear as principais tendências do evento através dos
temas tratados nas 310 palestras. Ao final do segundo dia, Vanessa
Mathias e Lu Bazanella, fundadoras da White Rabbit, apresentaram as
“6 Macrotendências do Festival Path”, um resumo do que se
encontra no relatório completo elaborado pela White Rabbit e O Panda
Criativo (http://www.opandacriativo.com/trend).
O Report foi
dividido em 6 categorias (Purpose First, Connected Dots, Bursting
Bubbles, Humanism Renaissance, Hacking Health e Omnidesign) que
sintetizam os futuros possíveis a partir do que já se verifica na
prática hoje. Sem dúvida, um instrumento primordial para auxílio
nas tomadas de decisão na indústria e no marketing. Conheça os
detalhes de cada categoria no artigo da Up Future Sight
((https://medium.com/up-future-sight/as-seis-macrotendências-do-festival-path-2018-a8286c2a9324))
feito pela futurista Lídia Zuin
(https://www.linkedin.com/in/lidiazuin/).
Desde meados de 2012
o cientista de dados tem sido considerado um cargo sexy. É um dos
profissionais mais cobiçados no mercado e cada vez mais necessários
em todo tipo de organização. Está entre as tendências mapeadas
pelo Trends Report Path mas foi difícil categorizá-lo já que suas
competências, talentos e aptidões permeiam todas elas.
O surgimento da
computação ubíqua com surgimento dos smartphones e a computação
em nuvem trouxe a percepção de que o volume de dados produzidos
pelo homem e suas máquinas tendia ao infinito. Já não é mais
humanamente possível contar e avaliar os dados na medida em que são
criados. Ferramentas foram então desenvolvidas para colaborar. Essas
ferramentas continuam em evolução e estão nas mãos dos cientistas
de dados, pessoas que reunem em si habilidades estatísticas,
computacionais e de negócios, verdadeiros unicórnios para o mundo
corporativo.
A seguir apresento
uma pequena síntese de duas palestras realizadas por cientistas da
Cappra Data Science (https://cappra.com.br/) no Festival Path.
“Será muito difícil as pessoas consumirem algo na internet que não seja sob medida” Eric Schmidt
1. A ciência por
trás dos algoritmos de recomendação
A apresentação de
Dierê Fernandez (https://www.linkedin.com/in/diere/) da Cappra Data
Science (https://cappra.com.br/) foi um espetáculo de dados,
conceitos e referências. Explicou as lógicas usadas na criação de
algoritmos e elencou seus muitos tipos; referenciou autores famosos
como Alvin Tofler (Future Shock, 1970), Clay Shirky (Here Comes
Everybody, 2008) e Eli Pariser (The Filter Bubble, 2011); e, revelou
dados de algumas pesquisas.
“800 milhões de
usuários do Instagram publicam 95 milhões de fotos por dia”
Por definição,
algoritmos são “sequências finitas de instruções bem
definidas”, logo, não se limitam ao mundo digital. Qualquer
atividade rotineira pode ser considerada uma instrução algorítmica,
desde escovar os dentes ou dirigir um carro até selecionar o que é
spam no seu e-mail ou o que exibir na linha do tempo de sua rede
social digital.
Pioneira no uso de
algoritmos de recomendação no e-commerce, a Amazon
(https://www.amazon.com) assume
que vem deles cerca de 35% de suas vendas. No serviço de streaming
Netflix (https://www.netflix.com), quase 80% do conteúdo assistido
deriva de suas recomendações. Outros serviços online como o
Spotify (https://www.spotify.com) e o OkCupid
(https://www.okcupid.com) usam os algoritmos como ferramentas
centrais de engajamento e retenção de usuários.
“Algoritmos são
opiniões camufladas de tecnologia” Cathy O’Neil
Segundo ela,
algoritmos e inteligência atificial são muito úteis para curadoria
do consumo de informação e no auxílio a tomadas de decisão mas
estes programas podem engendrar viéses e nos prender em ‘bolhas’
de informação. Criar algoritmos neutros é um desafio já que a
subjetividade é uma grande característica humana e está sujeita a
nuances sutis. Baseando-se apenas em histórico de comportamento um
algoritmo está pouco suscetível ao novo, por isso, sistemas
híbridos que levem em conta outras vaiáveis (como o contexto por
exemplo) são mais assertivos e adequados. Essa preocupação foi
exemplificada no experimento Bias In Bias Out
(https://www.biasinbiasout.com/) da agência Mesa&Cadeira
(https://www.mesa.do/) que traz
reflexões sobre como os algoritmos espelham os preconceitos humanos.
“O uso de dados
wireless e mobile será 2/3 do total do tráfego na Internet em 2021”
2. 10 coisas sobre o
futuro inundado de dados
Ricardo Cappra
(https://www.linkedin.com/in/cappra/) começa falando sobre o grande
volume de dados produzidos hoje em dia. Esses dados estão
disponíveis para análises com os mais diferentes escopos. Ele
descreve o processo de transformação do ruído inaudível dos dados
não-estruturados, até a ‘small data’, quando os dados se
traduzem em informações úteis e podem ser cientificamente
tratáveis, ou seja, são convertidos de dados irrrelevantes para
dados relevantes.
“As pessoas não
estão participando online estão deixando rastros”
Os 10 tópicos
tratados em sua palestra foram divididos em Oportunidades e Riscos,
sendo os primeiros:
- Ruído Ensurdecedor
- Cultura Analítica
- Cientistas de
Dados
- Dados Contam Histórias
- Data4Good
Ele considera o
‘ruído’ uma grande oportunidade para a sociedade. Nasce daí a
necessidade de se moldar uma ‘cultura analítica’ onde os
‘cientistas de dados’ (hoje em sua primeira geração) possam
extrair ‘histórias’ relevantes e usar esse conhecimento para o
bem coletivo. Enfatiza as oportunidades especialmente focadas no
fomento da cultura analítica centrada nos pilares P3T, ou seja,
people, process, policy and technology. Cita também alguns exemplos
criativos para o desenvolvimento de uma cultura baseada em dados. O
‘Data4Good’ (https://www.cappralab.com/data4good/),
uma hackathon (maratona de programação e ideias) realizada nas
últimas edições da Campus Party (http://brasil.campus-party.org/)
de Natal, Brasília e Salvador e o ‘DataWall’, uma visualização
de dados orgânica (não-digital) feita coletivamente em ‘real
time’ durante eventos.
Em contraponto,
Cappra elenca os Riscos aos quais estamos sujeitos vivendo em um
‘mundo inundado de dados’:
- Caos
- Overdose
- Sociedade Condicionada
- Privacidade
- Decisões Sintéticas
O universo de dados
desorganizados e caóticos é pouco útil. Seu uso inapropriado pode
trazer prejuízos individuais e coletivos e até mesmo manipular
governos e mercados. Cappra chama atenção ao cuidado que devemos
ter com a overdose de informação.
Information Overload
ou Infoxication (https://en.wikipedia.org/wiki/Information_overload)
é um conceito atribuído ao sociólogo Georg Simmel
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Simmel) dos princípios do
século XX e também foi tratado pelo psicólogo David Lewis
(https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Lewis) no seu artigo
“Infofatigue Syndrome” (1990).
O cérebro humano
não é capaz de processar o volume de informação disponível. Essa
constatação permite a Cappra afirmar a necessidade de uma
‘inteligência aumentada’ só possível através de ‘cérebros
sintéticos’ alimentados com algoritmos e inteligência artificial.
No entanto, sua preocupação é centrada no uso da ciência como
camada no tratamento da BigData. Só assim informações úteis podem
ser utilizadas em tomadas de decisão e libertar a mente humana para
o ato criativo já que esta é uma característica humana que as
máquinas ainda não simulam.
Além disso, o
cérebro é um músculo sujeito à fadiga. A mente cansada é pouco
funcional, comumente falível e equivocada em momentos decisivos.
Segundo Cappra, as decisões humanas podem ser de 3 tipos:
- aleatória ou
criativa
- estruturada ou
processual
- sistêmica ou
analítica
O esforço mental
exigido para cada uma dessas tarefas é bem diferente e ele assegura
que com os instrumentos fornecidos pelas ciências de dados parte
significativa das decisões processuais e analíticas podem ser
automatizadas. Com algoritmos e IA as decisões artificiais ou
sintéticas podem ser libertadoras.
Ainda quanto à
cultura analítica, uma técnica estatística para análise de
personalidade tem sido cada vez mais comum. A abordagem estatística
de fatores psicológicos conhecida pela sigla OCEAN
(https://en.wikipedia.org/wiki/Big_Five_personality_traits)
tem sido utilizada para traçar o perfil de pessoas a partir de cinco
traços de personalidade: abertura à experiência ,
conscienciosidade , extroversão , amabilidade e neuroticismo
(openness to experience, conscientiousness, extraversion,
agreeableness, and neuroticism).
Outros conceitos da
psicologia e teóricos do comportamento como B. F. Skinner
(https://en.wikipedia.org/wiki/B._F._Skinner) foram também citados.
Ele fez uma alusão cômica ao famoso experimento da Caixa de
Condicionamento Operante (conhecida como Skinner Box), chamando as
experiências que o Facebook faz com seus usuários de ‘Zucker Box’
e apresentou correlações entre os testes de usabilidade (testes
A/B) feitos por designers e desenvolvedores de sites e aplicativos.
Essas duas palestras
foram realmente incríveis. Outras informações podem ser obtidas
acompanhando o site e as redes sociais da Cappra Data Science.
Saiba mais:
Video campanha Path
2018
Projeto “Bias In /
Bias Out”
DataWall no “Menos
30 Fest”
DataWall na “Campus
Party 10”
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#FestivalPath
#Conectodos
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