Realizado
nos dias 23 e 24 de outubro de 2015 (sexta e sábado), o #EnterPlus foi um evento
destinado ao universo da comunicação, do marketing, da publicidade,
das relações públicas e, pela primeira vez, pude ver
explicitamente o que as teorias antropológicas e sociológicas podem
fazer pelo segmento. Focado na 'experiência' (proporcionada pelo
marketing) como conexão transformadora da memória, do afeto e das
relações de consumo, o evento foi além e abordou também
inspiração, processos criativos, atitudes e comportamentos online/offline.
O
primeiro dia do evento foi chamado de “Inspiration Drops”,
realizado na tarde de sexta-feira no YouTube Space. A locação é um
antigo galpão de fábrica no tradicional bairro do Bom Retiro em São
Paulo. O lugar é a sede de uma parceria público-privada chamada
“Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias” (www.institutocriar.org/) que
juntamente com o Banco Itaú e a Volkswagen, fomenta diversos
projetos audiovisuais digitais através de cursos e oficinas
envolvendo algumas ONGs da cidade. Possui uma biblioteca,
refeitório, vários ambientes, estúdios e salas para cursos como os
da EduK (www.eduk.com.br/) e do Cinemark (www.cinemark.com.br).
Às
16h começou a série de 3
palestras que tratou
dos
temas: criatividade, perseverança e coragem. A primeira pessoa a
falar foi Rob Gordon (http://petisco.org/terapia/)
em “A
busca pelas referências perfeitas”
sobre produção de conteúdo
autoral; em seguida foi Marcel Kuo (http://www.marcelkuo.com/)
que
apresentou “Fazendo
a mesma coisa de forma diferente”
sobre arte, sonho, planejamento e modelo de negócio. A
terceira, foi May Medeiros (http://luzvermelha.tv/)
com “Hora
de olhar para fora do nosso mundo”
sobre
criação, produção
e comercialização de conteúdo adulto (erotismo e pornografia
especificamente).
Estes
foram os temas que centralizaram as discussões mas todos os
palestrantes falaram muito sobre intersecções, links, referências
e excessões que permeiam esses assuntos. Foi uma tarde inspiradora e
incendiária. Tudo com
carisma e leveza.
Para finalizar a tarde, Dani Rodrigues (Coca-Cola)
mediou uma roda de
conversa entre os palestrantes e a platéia.
Sábado
(24/10/2015) foi o segundo dia do #EnterPlus. Não pude comparecer ao
período da manhã e perdi bons conteúdos sem dúvida. Espero que
disponibilizem online logo mais (#Ficadica!). No período da tarde
foram 5 palestras.
Daniel
Prestes (Agência África - africa.com.br/ - https://www.facebook.com/agenciaafrica/) abriu a tarde com a palestra "Who
Cares?"(Quem
se importa?), segundo ele "a pergunta de um milhão de dólares".
Elencou
9 pontos que fazem a diferença na criação de conteúdo para marcas
– coloquei
o que entendi ao lado quando achei necessário:
1.
Sempre
procure merdas
- ou seja, encontre defeitos e problemas em todo lugar. Isso poderá
trazer insigths incríveis para soluções diversas;
2.
'Trabalho'
é mais do que 'título'
- seu cargo oficial não limita sua abordagem profissional;
3.
A
força da marca está além da sua categoria
- o escopo de uma campanha pode (e deve) extrapolar o setor
específico da marca;
4. Coragem para sair do quentinho - ousar, "esticar a baladeira um pouco mais", "sentir frio na barriga".
4. Coragem para sair do quentinho - ousar, "esticar a baladeira um pouco mais", "sentir frio na barriga".
5.
Questione
tudo;
6.
Seja
um escritor, não apenas um editor;
7.
Uma
marca não morre do coração mas morre de tédio
- a criação deve mexer com os sentimentos e a memória do
consumidor;
8.
Storydoing
+ Storytelling
- é preciso contar uma história e ter um
protagonista agindo (alguém
fazendo);
9.
Utopia,
pero no mucho
- encontrar o equilíbrio entre o sonho e o que é realizável.
Penso
que ele "choveu no molhado" nos pontos finais mas gostei do
reforço das ideias e a apresentação foi bem divertida. Quando ele
abriu para perguntas uma questão causou um certo mal-estar. Na
verdade, não foi a pergunta mas a falta de resposta. A pergunta se
referia a um episódio recente sobre uma acusação racista a
respeito da Agência África. Daniel
saiu pela tangente e não deu uma resposta oficial nem manifestou sua
opinião pessoal o que causou notadamente uma frustração em todo
mundo. Saiba mais sobre a polêmica na Revista Fórum
(http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/agencia-africa-e-criticada-nas-redes-por-postar-fotos-sem-pessoas-negras-na-equipe/)
e no Brainstorm9
(http://www.b9.com.br/61139/opiniao/o-racismo-velado-das-agencias-de-publicidade/).
Em
seguida entra Leonardo Lanna (@leonardolanna)
que
apresentou "De
onde vem as boas ideias?".
O roteirista do programa "Tá no Ar" (globotv.globo.com/rede-globo/ta-no-ar-a-tv-na-tv/) e redator do
"Sensacionalista" (sensacionalista.uol.com.br/) usou o título do livro de Steven Johnson
(a
observação é minha) para falar sobre o seu processo de criação. Ele
afirmou basicamente que toda redação de seus projetos é feito via Whatsapp (https://web.whatsapp.com/). Destaco de sua
palestra duas frases que adorei e sintetizam bem tudo que ele
apresentou:
2.
"Quando nada mais inspira a solução é olhar o cotidiano".
Na
terceira palestra, Maurício Soares falou de momentos memoráveis e
ativações de marca durante o Festival Tomorrowland (www.tomorrowlandbrasil.com) na palestra
"Experiências Marcantes". Citou algumas menções
espontâneas no Facebook das quais duas me chamaram atenção. Uma
foi o 'Museu Tomorrowland' que alguém criou em casa com as muitas
lembracinhas presenteadas pelas marcas patrocinadoras durante o
evento. A outra foi um comentário sobre o desodorante OldSpice (www.oldspice.com.br/) ter 'Cheiro
de Tomorrowland'. Ativação forte mesmo!
A
quarta palestra foi "Qual
o futuro da comunicação?"
onde Rafael Sbarai (@rafaelsbarai) expôs a cultura
mediada pelo Facebook e seu serviços - aparentemente -
desvinculados. Redes de relacionamento, fotografias (Instagram) e
mensagens (WhatsApp), praticamente tudo que as pessoas fazem na web é
intermediada por um produto Facebook, o que pode levar (e leva)
algumas pessoas a
confundir
o produto com o meio e chegam a pensar que o Facebook e a Internet são a
mesma coisa:
"Se
eu penso em texto, em áudio ou em video, estou pensando em alguma
plataforma do Facebook".
Sbarai
ainda lembrou da tentativa "Slingshot" (https://www.sling.me/)
do tio Zuck para competir com o SnapChat (https://www.snapchat.com/).
Encerrando
o evento, Vivian Blaso, apresentou "Consumo
sustentável: qual é o limite e a nossa responsabilidade?".
Ela trouxe filosofia, antropologia, sociologia e teorias da
comunicação para a discussão sobre responsabilidade social e
mercado. Citou Edgar Morin, Zygmunt Bauman e outros articuladores do
pensamento complexo numa reflexão mercadológica sobre política,
cultura, economia, sociedade e meio-ambiente. Foi interessante e
despertou o ímpeto da troca de ideias, conversações e networking.
Pena que nos eventos sediados na Faculdade Cásper Líbero este é um
momento inexistente. Fica a cargo de quem já está com seu grupo (e
tiver tempo para isso) esticar as discussões em outro lugar. Eu fui para casa...
Confira alguns vídeos interessantes sobre três dos caras citados e que são assuntos recorrentes quando o tema é o mesmo deste evento:
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