4.11.15

EnterPlus 2015 – A Experiência


Realizado nos dias 23 e 24 de outubro de 2015 (sexta e sábado), o #EnterPlus foi um evento destinado ao universo da comunicação, do marketing, da publicidade, das relações públicas e, pela primeira vez, pude ver explicitamente o que as teorias antropológicas e sociológicas podem fazer pelo segmento. Focado na 'experiência' (proporcionada pelo marketing) como conexão transformadora da memória, do afeto e das relações de consumo, o evento foi além e abordou também inspiração, processos criativos, atitudes e comportamentos online/offline.

O primeiro dia do evento foi chamado de “Inspiration Drops”, realizado na tarde de sexta-feira no YouTube Space. A locação é um antigo galpão de fábrica no tradicional bairro do Bom Retiro em São Paulo. O lugar é a sede de uma parceria público-privada chamada “Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias” (www.institutocriar.org/) que juntamente com o Banco Itaú e a Volkswagen, fomenta diversos projetos audiovisuais digitais através de cursos e oficinas envolvendo algumas ONGs da cidade. Possui uma biblioteca, refeitório, vários ambientes, estúdios e salas para cursos como os da EduK (www.eduk.com.br/) e do Cinemark (www.cinemark.com.br).


Às 16h começou a série de 3 palestras que tratou dos temas: criatividade, perseverança e coragem. A primeira pessoa a falar foi Rob Gordon (http://petisco.org/terapia/) em “A busca pelas referências perfeitassobre produção de conteúdo autoral; em seguida foi Marcel Kuo (http://www.marcelkuo.com/) que apresentou “Fazendo a mesma coisa de forma diferente” sobre arte, sonho, planejamento e modelo de negócio. A terceira, foi May Medeiros (http://luzvermelha.tv/) com “Hora de olhar para fora do nosso mundosobre criação, produção e comercialização de conteúdo adulto (erotismo e pornografia especificamente).
Estes foram os temas que centralizaram as discussões mas todos os palestrantes falaram muito sobre intersecções, links, referências e excessões que permeiam esses assuntos. Foi uma tarde inspiradora e incendiária. Tudo com carisma e leveza. Para finalizar a tarde, Dani Rodrigues (Coca-Cola) mediou uma roda de conversa entre os palestrantes e a platéia.

Sábado (24/10/2015) foi o segundo dia do #EnterPlus. Não pude comparecer ao período da manhã e perdi bons conteúdos sem dúvida. Espero que disponibilizem online logo mais (#Ficadica!). No período da tarde foram 5 palestras.

Daniel Prestes (Agência África - africa.com.br/ - https://www.facebook.com/agenciaafrica/) abriu a tarde com a palestra "Who Cares?"(Quem se importa?), segundo ele "a pergunta de um milhão de dólares". Elencou 9 pontos que fazem a diferença na criação de conteúdo para marcas – coloquei o que entendi ao lado quando achei necessário:
1. Sempre procure merdas - ou seja, encontre defeitos e problemas em todo lugar. Isso poderá trazer insigths incríveis para soluções diversas;
2. 'Trabalho' é mais do que 'título' - seu cargo oficial não limita sua abordagem profissional;
3. A força da marca está além da sua categoria - o escopo de uma campanha pode (e deve) extrapolar o setor específico da marca;
4. Coragem para sair do quentinho - ousar, "esticar a baladeira um pouco mais", "sentir frio na barriga".
5. Questione tudo;
6. Seja um escritor, não apenas um editor;
7. Uma marca não morre do coração mas morre de tédio - a criação deve mexer com os sentimentos e a memória do consumidor;
8. Storydoing + Storytelling - é preciso contar uma história e ter um protagonista agindo (alguém fazendo);
9. Utopia, pero no mucho - encontrar o equilíbrio entre o sonho e o que é realizável.

Penso que ele "choveu no molhado" nos pontos finais mas gostei do reforço das ideias e a apresentação foi bem divertida. Quando ele abriu para perguntas uma questão causou um certo mal-estar. Na verdade, não foi a pergunta mas a falta de resposta. A pergunta se referia a um episódio recente sobre uma acusação racista a respeito da Agência África. Daniel saiu pela tangente e não deu uma resposta oficial nem manifestou sua opinião pessoal o que causou notadamente uma frustração em todo mundo. Saiba mais sobre a polêmica na Revista Fórum (http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/agencia-africa-e-criticada-nas-redes-por-postar-fotos-sem-pessoas-negras-na-equipe/) e no Brainstorm9 (http://www.b9.com.br/61139/opiniao/o-racismo-velado-das-agencias-de-publicidade/).

Em seguida entra Leonardo Lanna (@leonardolanna) que apresentou "De onde vem as boas ideias?". O roteirista do programa "Tá no Ar" (globotv.globo.com/rede-globo/ta-no-ar-a-tv-na-tv/) e redator do "Sensacionalista" (sensacionalista.uol.com.br/) usou o título do livro de Steven Johnson (a observação é minha) para falar sobre o seu processo de criação. Ele afirmou basicamente que toda redação de seus projetos é feito via Whatsapp (https://web.whatsapp.com/). Destaco de sua palestra duas frases que adorei e sintetizam bem tudo que ele apresentou:
1. "Facebook, Instagram e Twitter é onde o mundo acontece hoje";
2. "Quando nada mais inspira a solução é olhar o cotidiano".

Na terceira palestra, Maurício Soares falou de momentos memoráveis e ativações de marca durante o Festival Tomorrowland (www.tomorrowlandbrasil.com) na palestra "Experiências Marcantes". Citou algumas menções espontâneas no Facebook das quais duas me chamaram atenção. Uma foi o 'Museu Tomorrowland' que alguém criou em casa com as muitas lembracinhas presenteadas pelas marcas patrocinadoras durante o evento. A outra foi um comentário sobre o desodorante OldSpice (www.oldspice.com.br/) ter 'Cheiro de Tomorrowland'. Ativação forte mesmo!

A quarta palestra foi "Qual o futuro da comunicação?" onde Rafael Sbarai (@rafaelsbarai) expôs a cultura mediada pelo Facebook e seu serviços - aparentemente - desvinculados. Redes de relacionamento, fotografias (Instagram) e mensagens (WhatsApp), praticamente tudo que as pessoas fazem na web é intermediada por um produto Facebook, o que pode levar (e leva) algumas pessoas a confundir o produto com o meio e chegam a pensar que o Facebook e a Internet são a mesma coisa:

"Se eu penso em texto, em áudio ou em video, estou pensando em alguma plataforma do Facebook". 

Sbarai ainda lembrou da tentativa "Slingshot" (https://www.sling.me/) do tio Zuck para competir com o SnapChat (https://www.snapchat.com/).

Encerrando o evento, Vivian Blaso, apresentou "Consumo sustentável: qual é o limite e a nossa responsabilidade?". Ela trouxe filosofia, antropologia, sociologia e teorias da comunicação para a discussão sobre responsabilidade social e mercado. Citou Edgar Morin, Zygmunt Bauman e outros articuladores do pensamento complexo numa reflexão mercadológica sobre política, cultura, economia, sociedade e meio-ambiente. Foi interessante e despertou o ímpeto da troca de ideias, conversações e networking. Pena que nos eventos sediados na Faculdade Cásper Líbero este é um momento inexistente. Fica a cargo de quem já está com seu grupo (e tiver tempo para isso) esticar as discussões em outro lugar. Eu fui para casa...

Confira alguns vídeos interessantes sobre três dos caras citados e que são assuntos recorrentes quando o tema é o mesmo deste evento:

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