(Carlos Drummond de Andrade)
Não quero ser último a comer-te
Se em tempo não ousei agora é tarde
Nem sopro a flama antiga nem beber-te
Aplacaria a sede que não arde
A minha boca seca de querer-te
De desejar-te tanto e sem alarde
Fome que não sofria padecer-te
Assim pasto de tantos e eu covarde
A esperar que limpasses toda a gala
Que em teu corpo e alma ainda resvala
E chegasses intata renascida
Para travar comigo a luta extrema
Que fizesse de toda nossa vida
Um chamejante universal poema.
30.7.11
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